A primeira vez a gente nunca esquece. Você não faz a menor idéia do décimo beijo que deu, do vigésimo momento que ouviu sua música preferida. Agora, certamente, da estreia você lembra! Isso porque, em qualquer campo, seu cérebro vai registrar justamente aquela informação (ou sensação) tão diferente. Não é à toa que, no meio publicitário, tantas marcas e produtos disputam para serem os primeiros a conquistar a mente do consumidor. Mas será que essa história vale também para a primeira impressão que temos de uma pessoa?
Quando nos deparamos com uma pessoa nova, imediatamente tecemos considerações. É a inevitável 'primeira impressão'. "Sem querer, avaliamos as roupas, aparência física, a forma de se comunicar e de se portar e gravamos em nosso cérebro esta percepção", analisa a consultora de Recursos Humanos Patrícia de Mônica. A estudante de jornalismo Renata Giannini concorda: "A princípio, é o único indício que se tem sobre os outros. Eu posso até mudar de idéia, mas dificilmente esqueço a sensação inicial que a pessoa causou", explica Renata.
Pré-conceito
O ilustrador Paulo D'Ávila afirma que é movido pela intuição. "A primeira impressão é minha bússola. Se gosto ou não de alguém é de cara e raras vezes me engano", alega. Esse "pré-conceito" é bastante subjetivo. Já o ilustrador Paulo D’ávila acredita que somos regidos por uma lei de atração. "Aqueles que têm alguma afinidade se aproximam. Podem ser completamente diferentes e se unem porque têm algo em comum, mesmo sem saber. Para mim, não há acaso. As situações juntam as pessoas", opina o ilustrador.
Química, empatia, intuição. É o que nos resta se nada sabemos a respeito de alguém. "Existem situações em que a identificação é imediata, ou que eu, simplesmente, não vou com a cara da pessoa. Caso isso aconteça, evito uma aproximação", diz a estudante de jornalismo Renata Giannini. Mas se por um lado a opinião à primeira vista instiga possíveis encontros, ela pode também atrapalhá-los. "A primeira impressão depende de como foi o seu dia ou se determinada característica faz lembrar outra pessoa que você conhece. Estamos passíveis a erros e acertos e não podemos confiar nela todo o tempo", alega a pianista Clara Rauter.
Segunda impressão
Nem sempre uma análise superficial é suficiente para captar a essência de alguém. Que o diga a estudante de administração Fernanda Vasconcellos: "Por causa da minha timidez, todas as pessoas que eu conheço, sem exceção, comentam que passo uma imagem diferente do que realmente sou". Pois é, quem sofre na pele as barreiras causadas pela primeira impressão sabe que ela não é a que fica. "Aprendi por experiência que você tem que tirar a prova se uma pessoa é realmente do jeito que imagina", defende Fernanda.
A 'impressão' é ligada a estereótipos. "Existe o primeiro olhar que marca. Tem pessoas que não suporto desde o início e outras que gosto de graça. Mas hoje em dia, mesmo que tenha uma má impressão, vou acabar relevando e dando outras oportunidades", pondera o programador Guilherme Valente. De acordo com a estudante de turismo Roberta Bragança, a primeira impressão se desfaz ao longo da convivência. "Com o tempo, a gente percebe que nem tudo é como a primeira vez que vimos ou sentimos", alega Roberta.
O psicólogo Carlos Bein acredita que quem se agarra na primeira impressão corre o risco sair perdendo. "Certamente que a primeira impressão guia nossos relacionamentos, mas nem sempre de um modo positivo. Por trás dela, há motivos inconscientes que, se não esclarecidos, nos levam a fazer escolhas erradas. Não estou querendo dizer que o inconsciente sempre nos dirija para o lado equivocado. Até porque, como diz o ditado, "o coração tem razões que a razão desconhece'. No entanto, é importante ter clareza sobre essas razões", conclui.
E você, quantas chances dá para gostar de alguém?
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